INTRODUÇÃO
Este pequeno trabalho de forma nenhuma tem a pretensão de tentar esgotar todas as nuances e questões que envolvem a prática do que conhecemos como Rito Adonhiramita.
Pois, por mais que se tente explicar todas as facetas deste imenso mosaico, os verdadeiros segredos encontram-se cerrados no íntimo de cada Iniciado.
Consolidando os segredos iniciáticos, portanto, impossíveis de serem transmitidos por palavras ou alegorias, pois atingem uma condição muito mais elevada, em que nossos sentidos ordinários não tem a condição de alcançar.
No entanto aqui, o objetivo é traçar uma fonte de referência, entregando as ferramentas básicas para começar a conhecer a ponta deste iceberg.
Com base na Origem Histórica, antropológica e doutrinaria, exemplificar algumas peculiaridades que envolvem esta prática maçônica.
Resumidamente observamos que após a organização inglesa da Maçonaria no século XVIII, um campo fértil surgiu na França.
Com uma imensa pluralidade de sistemas e graus maçônicos, que foram se desenvolvendo a partir de 1738.
Dentro deste universo, um sistema chama a atenção. Mantendo viva e carregando o fogo de uma tradição longínqua, essencial, e que se perde nas noites do tempo.
O rito Adonhiramita, trata de fatores essências daquilo que a Maçonaria como sistema procura entregar. O cálice sagrado, o fogo de Prometeu à humanidade.
Aprofundar-se nas entrelinhas que envolvem este sistema, é vivenciar a verdadeira Maçonaria, a Maçonaria que está ao alcance de poucos.
Como o sábio já dizia. “Muitos serão chamados, mas poucos serão os Escolhidos”.
E esta é a Verdadeira missão do Maçom Adonhiramita. Trilhar este caminho interno!
Pesquisar o Rito, os Símbolos e os mitos que o compõe este sistema, assim chegará a verdadeira iniciação àqueles que de forma sincera a buscam.
HISTÓRIA
O Rito Adonhiramita é um rito maçônico de origem francesa. Em 1725, a Maçonaria passa a adotar o Grau de Mestre Maçom, isto na Inglaterra, e a partir desta data a Maçonaria começa a adotar este que completaria os Graus de Aprendiz e Companheiro. Mas este fato somente foi concretizado em 1738.
Este baseado em uma lenda e, a partir do surgimento do mesmo, vimos florescer uma dúvida, que geraria o que hoje conhecemos como Rito Adonhiramita.
Em 1740, Louis Travenol publicou em Paris, sob o pseudônimo de Leonard Gabanon, um trabalho intitulado Catéchisme des Francs-Maçons e já na capa é colocado que “´Histoire d´Adonhiram Architecte du Temple de Salomon”. Aqui observamos, provindo de varias práticas maçônicas francesas, que comumente, este termo é utilizado, ou seja, nomeando Hiram-Abif, como Adonhiram, o Arquiteto do templo do Rei Salomão.
Concomitante a este fato, a Maçonaria começa uma expansão desenfreada, no que tange o aparecimento de graus superiores. Quase 50 anos em que foram criadas várias práticas ritualísticas maçônicas das mais diversas chegando a compor 70 ritos diferentes, o que começa a ocasionar várias complicações. Pois cada Rito instala a sua instituição, colocando-se como exclusivo e superior aos demais ritos praticados. Deste período lembramos da Ordem dos Sacerdotes Eleitos do Universo (Elus Cohen), da Estrita Observância Templária e o descendente direto deste sistema, o regime Escocês Retificado, entre muitos outros que surgiram na ocasião. Pois como observado, a maçonaria até então (1725) possuía os Graus de Aprendiz e Companheiro, Graus estes com sua essência baseada na Iniciação e aperfeiçoamento da moralidade, através do estudo filosófico das ferramentas dos antigos construtores. Todavia após a adoção do Grau de Mestre Maçom, encara uma estrutura onde depara-se com lendas bíblicas e estudos mais apurados no que tange os mistérios.
Portanto a partir disto, tem se uma seara propicia à agregamento das mais variadas correntes convergindo para dentro da Maçonaria, bem como influenciada por ela. Foi a época em observamos como a variedade de sistemas criados, o influxo do Movimento Rosa+Cruz, da Alquimia, do Hermetismo, da Magia, da Cabala e as mais variadas correntes que de forma ou outra acabaram interagindo com a Maçonaria do Séc. XVIII.
De todo este movimento, surge então um dos mais bem estruturados sistemas, o mais longo da época, com 25 graus, surgiu em 1758, porém somente após 1773 o assim ficou conhecido Rito de Heredom ou Rito de Perfeição.
No ano 1773, a situação encontrava-se em um caos total, pois não havia entendimento entre os ritos, e assim, portanto este período muito rico, acabou tornando-se degenerativo à ordem maçônica. Por conta destes acontecimentos o já então Grande Oriente da França, cria uma comissão dos Altos graus, que demonstra uma modesta atividade até 1782. Com a criação desta Câmara, como já ocorrido na Inglaterra, o Grande Oriente da França, ocupa-se somente dos três graus simbólicos, Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom.
Nesta oportunidade começam a se criar os Capítulos, ou Lojas Capitulares, onde se faria a gestão dos Graus acima do terceiro. Em 6 de março de 1782 o Orador do GOF, Irmão Alexandre Louis Roettiers de Montaleau, propõe um estudo dos de todos os graus existentes e praticados na França, para que assim se sintetize um sistema ordenado e que contemple toda a filosofia maçônica.
Coincidentemente no mesmo ano, um grande estudioso dos sistemas maçônicos da época, conhecido como Louis Guillemain Saint-Victor, lança a sua “Recuiel Précioux de la Maçonnerie Adonhiramite”, ou Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, em tradução livre, um compêndio onde encontra-se descrito os Graus de Aprendiz, Companheiro, Mestre Maçom é um quarto Grau como continuação, Mestre Perfeito, completando assim o simbolismo e de fato Sintetizando toda esta vertente naturalmente francesa, colocando Adonhiram como o grande herói da Lenda Maçônica.
Em 1784, é publicada uma circular onde anuncia que Sete Lojas Capítulares Rosa+Cruz, se associam para formar o “Grande Capítulo Geral da França”.
Em 1785, duas interessantes situações acontecem. O Grande Capítulo Geral da França entrega o seu trabalho de síntese dos Graus franceses, e Saint Victor entrega o segundo volume de sua Coleção.
O Grande Capítulo compilou os Graus, conhecidos como Ordens Sapiênciais, aos quais compilavam nada mais nada menos de 81 Graus, dos praticados na França, da seguinte forma:
- Primeira Ordem ou Grau dos Eleitos Secretos.
- Segunda Ordem ou Grau dos Escoceses.
- Terceira Ordem ou Grau dos Cavaleiros do Oriente.
- Quarta Ordem ou Grau dos Rosa Cruzes
Ainda existe uma Quinta Ordem, ou Ilustre e Perfeito Mestre. Que seria um grau académico e administrativo destinado a conservar e a estudar todos os Graus e sistemas e também serviria para administrar o Grande Capítulo Geral da França.
E no segundo volume de Saint Victor temos a seguinte configuração:
- Quinto grau – Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove
- Sexto grau – Segundo Eleito ou Eleito de Perignam
- Setimo grau – Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze
- Oitavo grau – Aprendiz Escocês ou Pequeno Arquiteto
- Nono grau- Companheiro Escocês ou Grande Arquiteto
- Décimo grau – Mestre Escocês
- Décimo Primeiro grau – Cavaleiro da Espada ou Cavaleiro do Oriente ou da Águia
- Décimo Segundo grau – Cavaleiro Rosa Cruz. (Nec Plus Ultra do Sistema)
Então este é o sistema proposto por Saint Victor, conhecido como Rito Adonhiramita ou Maçonaria Adonhiramita. Um rito puramente francês, e como podemos constatar por questões cronológicas, um sistema que saiu de uma síntese feita pelos melhores estudiosos da maçonaria no Séc. XIX.
Todavia no ano de 1853, eis que surge uma figura controversa, Jean Baptiste Marie Ragon. Ragon, era filho de um Padre e foi iniciado na maçonaria em 1804, ele foi o primeiro editor de um jornal maçônico na França, “ Hermes”, trabalhava no “Grammar Journal” e também fazia revisão em dicionários. Neste ano ele publica a obra “ Orthodoxie Maçonnique: Suivie de la Maçonnerie Occulte et de l’initiation”, onde comete dois erros crassos. O primeiro, associar a obra “Recuiel Précioux de la Maçonnerie Adonhiramite” ao Barão Théodore Henry de Tschoudy, que não teve absolutamente nada a ver com esta obra, mesmo porque o mesmo faleceu em 1769, e a obra de Saint Victor foi lançada em 1782. Tschoudy também um estudioso e colaborador no desenvolvimento de ritos na França na ocasião. Como a criação do “Rituel des Grades Alchimiques du Baron Tschoudy”, e a “Ordem da Estrela Flamejante”, notadamente de características Alquímicas. Porém erroneamente associado com o Rito Adonhiramita.
Em 1756, na Prússia, surgiu um Grau em outro formato, modificando assim a maçonaria dita ortodoxa desde a constituição do Rev. James Anderson, em 1723. Este Grau, chamado de Noaquita ou Prussiano, foi colocado no Recuiel Précioux de la Maçonnerie Adonhiramite, de Saint Victor como uma mera curiosidade maçônica. Mesmo porque o próprio Saint Victor, teria apontado na sua Compilação, o Grau Rosa Cruz como sendo o ápice de seu sistema. E por conta desta obra, estes dois erros perpetuaram-se, principalmente no Brasil.
Não obstante, muito bem arranjada, ou compilada, a Maçonaria Adonhiramita começa a crescer, ganhando muitos adeptos na França, acabou indo para Portugal, onde chegou a se tornar o principal Rito do Grande Oriente Lusitano, alcançando as suas colônias, dentre elas o Brasil.
RITO ADONHIRAMITA NO BRASIL
Existe uma grande possibilidade das lojas “ Reunião” (1801) e “Distintiva” (1812), terem trabalhado no Rito Adonhiramita. Por conta de intercâmbio dos viajantes da época, e pelo fato da influência de uma embarcação francesa chamada La Preneuse, comandada por Monsieur Larcher, em 1797, em Salvador, Bahia, ter ajudado na fundação da primeira loja no Brasil. Loja Cavaleiros da Luz
Como amplamente divulgado e sabido, o Grande Oriente do Brasil, fundado em 17 de julho de 1822, na época Grande Oriente Brasílico, recebe uma carta para sua fundação, bem como uma autorização para se trabalhar em todos os graus utilizados na França e em Portugal. Então, estava em voga o Rito Francês, que acabou por se tornar o oficial deste Grande Oriente, no entanto o Adonhiramita continua sua propagação no país vindo a se tornar na ocasião, um dos principais senão o principal rito nesta colônia portuguesa, pois a partir da fundação do grande Oriente do Brasil, a maçonaria começa uma incrível expansão perdurando até os dias de hoje.
Detalhe:
Como descrito, aqui foi recebido uma carta para a abertura da Potência e autorização para trabalhar com os graus executados em Portugal e França. Nesta ocasião a Potência era mista, ou seja, trabalhava os Graus Simbólicos e também os Superiores. O que ocasionou um cenário complicado; pois por conta da fundação do Supremo Conselho de Charleston, (1801, EUA), o mesmo exigia uma Administração em separado do simbolismo, e era responsável pela expedição de Cartas Patentes para o funcionamento do REAA e/ou autorizava que conselhos estabelecidos e regulados por suas regras assim as expedisse. Foi o caso do Brasil, aqui o mesmo foi introduzido em 1829, e em 1832 foi fundado aqui o supremo Conselho do REAA no Brasil, que trabalharia como uma potência Maçônica independente.
Em 1839, o GOB criaria o “Grande Colégio dos Ritos”, que era um setor dentro da potência que comandaria os Ritos Moderno, Adonhiramita e irregularmente o REAA. Já em 1854 com a Incorporação do REAA ao GOB, houve outro tipo de organização chamada “ Sublime Capítulo dos Ritos Azuis”, governando os ritos Moderno e Adonhiramita e colateralmente o REAA. Em 1863, houve uma dissidência no GOB e acabou sendo fundado o Grande Oriente dos Beneditinos, campo fértil para expansão do Rito Adonhiramita que ofuscou o crescimento do Rito no GOB. Esta potência ainda funda em 1872, o “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas”, pelo nome aqui observamos foi utilizado o erro de Ragon, ou seja, negligenciado o Grau Rosa Cruz, e colocando o Grau Noaquita como topo do sistema. O GOB em 1873, como contra medida funda um conselho homônimo para o rito. Decreto n° 21 de 2 de abril de 1873. no final estas duas potências acabaram se fundindo.
Em 23 de maio de 1951, pelo decreto n. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, onde estava claro que, a partir de então, o GOB só regeria os 3 Graus Simbólicos, mantendo relações “da mais estreita amizade e tratados de reconhecimento com outros corpos”.
Já em 1953 o “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas” passaria a se chamar “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil”. Em 15 de Abril de 1968, era assinado entre o então Grão-Mestre do GOB, Álvaro Palmeira e o Presidente do renomeado “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil”, Josué Mendes, um Tratado de Aliança e Amizade.
O GRANDE CISMA DE 1973
Nova problemática acontece e 1973, Treze Grande Orientes Estaduais, por divergências políticas acabam por se desligar do GOB, levando assim a maioria das Lojas Adonhiramitas da Jurisdição. E também uma cisão interna dentro do “ Muito Poderoso e Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil “, que só aceitaria irmãos do GOB.
Pois bem, sob o Comando do Irmão Aylton Menezes, o “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil” é recriado como “Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita” (ECMA). Reformulando totalmente o Rito, passando dos 13 graus para 33, ação está visando atrair maçons que estavam acostumados com os 33 do REAA, e que já era o rito mais praticado no Brasil.
Outro detalhe interessante que cabe frisar é que grande parte dos irmãos que ficaram no GOB, consequentemente com a missão de “reerguer” o Rito Adonhiramita neste Oriente, nutriam um grande apreço pela “Teosofia”, e muitos faziam parte da corrente de Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica. Por conta disto e pela leitura assídua de obras de Jorge Adoum, José Gervásio de Figueiredo e principalmente de Charles Webster Leadbeater, este principalmente seu livro, “A Vida Oculta na Maçonaria- 1929”, novamente tiveram a oportunidade de no caso, não criar, mas modificar estruturalmente a coluna vertebral do rito. Fazendo inclusões como o Ritual de Incensação, o Ritual do Fogo, a Chama Sagrada.
Muito foi modificado, agregando rotinas dos ritos Mênfis-Misraim, Lauderdale, alterando circunvoluções, etc.. Também se levando em consideração a visão de Leadbeater, que era um Bispo da Igreja Católica Liberal.
Como o Rito era somente praticado no Brasil, não havendo a preocupação de se manter a uniformidade com corpos estrangeiros, estas modificações foram perpetuando-se.
Em 2013, por conta de discordâncias, políticas, administrativas foi fundado o “Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita do Brasil” (ECMAB), que logo após, muda seu nome para “SUPREMO CONSELHO ADONHIRAMITA DO BRASIL” (SCAB).
Ainda também o Rito é Pujante na COMAB, possuindo o “Grande Capítulo Noaquita” com Capítulos no nosso pais, que são instituições de Graus Filosóficos onde se reconhecem e se praticam, atualmente, o Rito Adonhiramita com seus Treze Graus originalmente introduzidos no Brasil.
ESTRUTURA DOS ALTOS GRAUS DO SUPREMO CONSELHO ADONHIRAMITA
LOJA DE PERFEIÇÃO
- 4) Mestre Secreto
- 5) Mestre Perfeito
- 6) Preboste e Juiz
- 7) Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove
- 8) Segundo Eleito ou Eleito Pérignan
- 9) Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze
- 10) Aprendiz Escocês ou pequeno Arquiteto
- 11) Companheiro Escocês ou Grão Mestre Arquiteto
- 12) Mestre Escocês ou Grão-Mestre Arquiteto
- 13) Cavaleiro do Real Arco
- 14) Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom
SUBLIME CAPÍTULO ROSA-CRUZ
- 15) Cavaleiro do Oriente, da Espada ou da Águia
- 16) Príncipe de Jerusalém
- 17) Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
- 18) Cavaleiro Rosa-Cruz
CAPÍTULO DE CAVALEIROS NOAQUITA
- 19) Grande Pontífice ou Sublime Escocês
- 20) Venerável Mestre das Lojas Regulares ou Mestre Ad Vitam
- 21) Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano
ILUSTRE CONSELHO FILOSÓFICO DE CAVALEIROS KADOSH
- 22) Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano
- 23) Chefe do Tabernáculo
- 24) Príncipe do Tabernáculo
- 25) Cavaleiro da Serpente de Bronze
- 26) Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário
- 27) Grande Comendador do Templo
- 28) Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
- 29) Cavaleiro de Santo André
- 30) Cavaleiro Kadosh
INSIGNE SODALÍCIO DOS SUBLIMES INICIADOS E GRANDES PRECEPTORES
- 31) Sublime Iniciado e Grande Preceptor
ILUSTRE E INSIGNE PRELAZIA E OUVIDORIA GERAL
- 32) Prelado Corregedor e Ouvidor Geral
SOBERANA CONGREGAÇÃO PATRIARCAL
- 33) Patriarca Inspetor-Geral
PECULIARIDADES DO RITO ADONHIRAMITA
TRADIÇÃO CONSERVADA NO RITO ADONHIRAMITA
Algumas das principais peculiaridades do Rito Adonhiramita que o identificam e o diferenciam dos demais Ritos são: Adonhiram como herói da Lenda da Maçonaria, A sua profunda espiritualidade que isto denota e se reflete no rito, O uso do nome histórico, O revigorar e o adormecer da Chama Sagrada, A Cerimônia de Incensação, a Cerimônia do Fogo, O uso de velas e não de lâmpadas, O pé direito à frente, O tratamento de “Amado Irmão”, As doze badaladas Argentinas, O uso das luvas brancas, O uso do Chapéu para o Mestre Maçom desde o Graus de Aprendiz, O uso da gravata branca, A posição dos Vigilantes no Templo, A posição das Colunas J e B, A abertura do Livro da Lei no evangelho de São João, A formação do Pálio; O uso do sinal ao circular no templo, O Circular em Lemminasca, O uso da espada pelos Mestres, a palavra de Aclamação , além de outras peculiaridades que fazem este rito tão especial dentro da Maçonaria contemporânea.
CHAMA SAGRADA
A chama simboliza a Sabedoria. É ela que deve esclarecer nossos pensamentos e atitudes. A Sabedoria Principial é representada pela chama eterna, que acende as demais chamas e ilumina o mundo (representado pela Loja).
As velas são um costume muito antigo dentro da Igreja, pois simbolizam o Cristo ressuscitado, Luz do mundo (João 8,12). Desde os primórdios, a Igreja a assumiu como uma maneira de honrar a Deus, os santos, anjos etc. São, mais ou menos, como as flores que expressam honra e louvor.
“Segundo a Sagrada Escritura, antes da criação do mundo, tudo era uma grande confusão, o caos, a desordem. Até que Deus mandou que se fizesse a luz (Gn 1,1-3). Os primeiros cristãos chamavam o batismo de “iluminação”, quando o batizando recebia a luz de Cristo. Era também costume colocar uma vela benta nas mãos de uma pessoa que morria, como sinal de sua fé.
Luz da fé
Jesus falava exatamente da luz da fé. Ele a comparou com uma vela acesa: “aquele que vive sua fé brilha como a luz”. Assim, a vela significa a fé daqueles que rezam, significa a presença de Deus em nossa vida, sobretudo, a presença d’Ele em nós. Na noite do Sábado Santo, quando o celebrante acende o círio pascal, significa a Ressurreição de Jesus, isto é, a nova vida de Cristo e Sua presença entre nós.
Quando se batiza uma criança, para significar que o batismo comunica a vida da fé e também a presença de Deus na alma da criança, acende-se uma vela. Essa vela do batismo é acesa no círio pascal, mostrando que a vida de fé da criança é a mesma nova vida de Cristo em Sua ressurreição.
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos (Sl 119.105).”
Enfim, nas celebrações religiosas (seja a Santa Missa, os sacramentos ou qualquer ato de culto), as velas acesas significam a expressão da vida de fé daqueles que rezam e a presença de Deus entre nós. A vela também traz o sentido de velar, de vigilância, de tomar cuidado para não cair em pecados; o que é uma exigência de quem tem fé em Deus e quer viver segundo a Sua vontade.
Na chama da vela estão presentes as forças da natureza e da vida. Cada vela marca um ano de nossa vida no bolo de aniversário.
A vela é um símbolo de iluminação, mas também de destruição e renascimento. Em Mt 5,14, Jesus diz que somos a luz do mundo e podemos interpretar isso como uma forma de iluminar e nos deixar ser iluminados pelas palavras e ensinamentos de outras pessoas. Quando pensamos dessa maneira, podemos tomar como exemplo a incrível história de João Batista, um missionário que com seu dom e sua palavra iluminou milhares de pessoas anunciando a vinda do Messias.
A vela é muito utilizada nos mais diversos ritos da Igreja Católica e também está presente em vários momentos importantes como:
– Batismo: significa que naquele momento estamos sendo iluminados pela graça de Deus.
– Missas: as velas são acesas para mostrar que elas se consomem quando prestam seu serviço e assim nos lembrar que devemos cumprir nossa missão de iluminar e se deixar “gastar” levando a palavra e o amor de Cristo para o mundo. Além disso, durante a missa, ela representa o sacrifício de Cristo de Jesus por nós.
– Exposição ao Santíssimo: demonstra a adoração que temos por Deus.
– Devoção: para pedir graças, agradecer bençãos, fazer uma oração privada, fazer uma promessa, rezar por algum ente querido…
“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. Jo 8:12
A CERIMÔNIA DE INCENSAÇÃO
No Rito Adonhiramita, ou Maçonaria Adonhiramita ocorre uma cerimônia de Incensação, onde os presentes são aspergidos pela fumaça do incenso previamente preparado. Vamos ver alguns significados desta antiga Tradição.
Para as igrejas cristãs, como a Católica e a Ortodoxa, o incenso representa as preces dos fiéis, que se elevam ao céu como a fumaça do incenso.
O incenso é símbolo de nossas boas ações que, como a fumaça perfumada, se espalham pelo ambiente e sobe aos céus. Simboliza também nossas preces e bons pensamentos que se elevam a Deus;
“O incenso é um lembrete da presença odorífera de Nosso Senhor, e seu uso acrescenta à liturgia uma aura de solenidade. A imagem e o odor da fumaça reforçam a transcendência da Missa, que liga o Céu à terra e permite que entremos na presença de Deus.” Pe. P. Ricardo
O incenso, ao ser aceso, se queima devagar, liberando seu cheiro agradável por todos os lados. Desse modo, para o Budismo, ele significa a prática da virtude e das boas obras. O ser humano, ao fazer boas obras, difunde o delicado cheiro da bondade para si e para os outros, gastando seu tempo em auxiliar o próximo de diversas maneiras.
O incenso, portanto, significa que devemos aromatizar nossa vida e a vida das outras pessoas com o doce cheiro das boas obras. Também significa que o tempo não pára. Assim como o incenso aceso se queima todo, nossa vida também está seguindo, sem parar.
CERIMÔNIA DO FOGO
Dos quatro elementos tradicionais: terra, água, ar e fogo, o fogo é tido como princípio ativo ou dinâmico, transformador, germe da geração, é o mais puro, animador e fonte energética. Simboliza a força impulsionadora do universo, além de movimento e energia, obviamente sabedoria. Símbolo do Espirito, que no Rito Adonhiramita viaja na sua forma mais essencial, já que se usam velas ao invés de lâmpadas. As versões mais antigas dos Rituais Adonhiramitas já orientavam. Velas, sempre de cera pura de abelhas, como manda a tradição, emitem uma chama pura e sem fuligem, emitem fogo, o que não acontece com as lâmpadas elétricas. O fogo sempre acompanhou a humanidade desde os mais primitivos ancestrais, e nesta sua marcha através da história foi assumindo sempre mais o aspecto de ligação entre o material e o espiritual. O fogo, desde que o homem começou a percebê-lo conscientemente como um dos elementos da natureza, foi sempre associado a um um elemento de origem divina, motivo pelo qual, seu simbolismo foi mantido em nossas cerimônias, saindo da chama sagrada e iluminando os altares da Sabedoria da Força e da Beleza.
O REVIGORAMENTO E O ADORMECIMENTO DA CHAMA SAGRADA
Primordialmente o fogo representa o espírito manifesto. Desde épocas imemoriais este elemento é relacionado com a divindade.
A chama por si só como o espírito que nunca se apaga, pois é eterno.
Essa simbologia se vê presente sobre vários aspectos no decorrer do desenvolvimento da humanidade, Seja pelo fogo que aquece e torna nossa vida mais confortável, ou no seu profundo significado como representante do espírito.
Sob esta segunda perspectiva, A chama nunca deve se apagar. Como demonstrado em várias culturas antigas, que seus templos dedicados às divindades se mantinha a sempre uma chama acesa, O fogo sagrado.
Em nosso íntimo este fogo nunca se apaga, no entanto ao se iniciar uma reunião no rito Adonhiramita, esta tradição se encontra viva.
Relembrando a todos aqueles que se encontram presentes à reunião, que essa Chama Sagrada nunca é apagada. E que no começo de cada reunião maçônica do rito Adonhiramita ela é revigorada e ao término, está chama deve ser aguardada dentro dos nossos corações.
A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NO EVANGELHO DE JOÃO
João 1 -6/9
“Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. ”
Ao longo da história, em diferentes culturas e épocas, o ser humano se volta para as forças divinas em busca de amparo, orientação, conforto e significado. Essa busca por uma conexão com algo maior que si mesmo é um aspecto fundamental da experiência humana, transcendendo crenças e doutrinas específicas. Podemos observar este tipo de disposição ao início de um projeto, a uma decisão importante que o ser humano deve tomar, ao princípio de uma reunião. A maçonaria não foge a esta regra, pois sua raiz é espiritual! E apesar de não ser uma religião, nem apontar a nenhum membro qualquer pratica especifica de religiosidade, sua cultura conservadora é orientada por várias características comuns ao Século XVIII, uma delas é a linguagem Cristã, muito comum em tempos mais antigos.
O auxílio de uma ordem superior, divina. Assim, em todas as reuniões Maçônicas, se busca este amparo através da leitura de uma passagem bíblica.
No caso do rito Adonhiramita, é lido a passagem de São João 1 6/9, onde o Evangelista, retrata o testemunho do Batista. Aquele que comprovou a materialização neste plano, do exemplo e da doutrina materializada no próprio Cristo. Exemplo este, que todo maçom deve buscar, independente da fé que professe, pois ali está a sabedoria, a todo custo.
A FORMAÇÃO DO PÁLIO
Pálio. É o nome do manto grego que os romanos usaram, e que era vestido pelos imperadores nas audiências públicas. Na Idade Média representava a presença divina, colocados sobre as imagens dos santos, nas fachadas e nos altares das igrejas medievais, ou ainda o dossel portátil apoiado por varas usado nas procissões, para proteger o sacerdote que carrega o sacrário. Falou-se também das estruturas construídas sobre as camas dos reis franceses ou nos tronos feitos para Napoleão. Usado nas cerimônias de coroação dos reis da Inglaterra. Em sua versão mais atual são os chamados toldos de proteção construídos sobre as portas e janelas. De modo geral, é tudo o que oferece algum tipo de proteção às pessoas ou aos objetos. Na Maçonaria dá-se o nome a cobertura formada pelos bastões dos Diáconos e do Mestre de Cerimônias no caso do Rito Adonhiramita, espadas, sobre o Altar dos Juramentos nos momentos em que se abre e se fecha o Livro da Lei.
O CIRCULAR
O sol representa o iniciado, antiquíssimo conceito representado nas Várias escolas de sabedoria. A circulação do sol em relação às constelações é o movimento aparente que o sol faz no céu, passando por uma faixa chamada de eclíptica, onde estão as 12 constelações do zodíaco. Esse movimento é causado pela translação da Terra em torno do sol, que leva um ano para completar. A cada mês, o sol parece estar em uma constelação diferente, mas isso não significa que ele se move, e sim que a Terra muda de posição. Esse movimento já foi observado pelo homem desde o princípio da humanidade. E juntando esses dois conceitos, observamos que representam um caminhar sobre os vários estágios a serem vencidos. O número 12 representa um ciclo completo. E o sol é o ator principal nesta caminhada.
A Maçonaria de várias maneiras, nos templos do rito escocês essa caminhada se encontra gravada nas paredes dos templos. E também possui um representante muito importante dentro do desenvolvimento da ritualística. Que é o mestre de cerimônias, que com seu caminhar, de forma prática, cumpre as tarefas pragmáticas estabelecidas nas liturgias maçônicas. No entanto simbolicamente, este cargo representa o sol, em sua caminhada cósmica. Então aqui temos vários elementos que apontam para essas prerrogativas.
Não original do rito compilado no século XVIII, a caminhada do mestre de cerimônias no rito Adonhiramita, reflete todos esses aspectos em uma função só. O comprimento de suas funções litúrgicas e também o significado do caminhar do iniciado, do Astro Rei, do Sol. A questão da circulação, é o conceito tradicional em várias correntes. Podendo a mesma ser solar, ou seja, seguindo o sentido do Sol. Como na maioria dos ritos de várias configurações, por exemplo, ou a mesma pode ser polar. Ou seja, uma caminhada no sentido anti-horário, como a utilizada no Islã.
Nos anos 70 com a revisão do rito Adonhiramita, foi incorporado a circulação em Lemniscata, essa peculiar forma de circunavegação. Que deve ser realizada não somente pelo mestre de cerimônias, mas por todos os presentes que por razão ou outra tendem a circular no tempo na hora que a loja está aberta.
O CIRCULAR EM LEMNISCATA
A lemniscata, também conhecida como símbolo do infinito, é uma figura geométrica em forma de “oito deitado” ou “laço simples”, com um significado rico e multifacetado que transcende sua simplicidade visual.
Em matemática, representa o infinito, simbolizando a natureza ilimitada e sem fim de conceitos como o universo, o tempo e o potencial humano.
Relaciona-se à curva de Bernoulli, uma função matemática importante em diversas áreas, como física, engenharia e análise complexa.
Na simbologia e espiritualidade, equilíbrio e harmonia: A lemniscata representa o equilíbrio dinâmico entre forças opostas, como corpo e mente, masculino e feminino, bem e mal. A forma contínua da lemniscata sugere a eternidade da alma, a ciclicidade da vida e a morte como parte de um processo maior.
Simboliza a união do finito com o infinito, do humano com o divino, e a busca pela transcendência. A lemniscata está associada ao Ouroboros, a serpente que morde a própria cauda, representando a eternidade, o ciclo da vida e morte, e a regeneração.
Em diferentes culturas, no Egito, Associada ao deus Ouroboros e ao conceito de Ma’at, o equilíbrio cósmico. Para os Gregos, Simbolizava a força vital, a imortalidade e a união dos opostos. Os Celtas, representava o equilíbrio entre o mundo natural e o espiritual, e era utilizada em amuletos e ornamentos. Alquimia: Simbolizava a união dos elementos masculino e feminino, a transformação e a busca pela pedra filosofal.
Cristianismo, associada ao símbolo do Ouroboros, representava a eternidade de Deus, a vida eterna e o ciclo da morte e ressurreição.
Toda esta simbologia foi agregada ao rito Adonhiramita, que acabou adotando o caminhar em Lemniscata, separando o oriente e ocidente do templo. Agregando todo este significado ao caminhar em uma loja do rito Adonhiramita.
A evolução, o equilíbrio físico e espiritual, a união entre o divino e a matéria, e a essência do servir em todos os níveis
A CIRCUNAVEGAÇÃO COM SINAL DO GRAU
Outra peculiaridade em relação aos outros ritos maçônicos é a realização da circunavegação sempre com o Sinal do Grau. Assim procedemos, desde que o Obreiro não esteja conduzindo material litúrgico, quando então fica dispensado do Sinal do Grau.
Amado Irmão
Sob o ponto de vista histórico. Na antiguidade Clássica. Na Grécia Antiga, o termo “adelphós” (αδελφός) era utilizado para se referir a irmãos de sangue, mas também se estendia a amigos próximos e membros da mesma comunidade. A palavra “philos” (φιλος), por sua vez, significava “amado” ou “querido”, e era utilizada para expressar afeto e estima.
Já no Império Romano, o termo “frater” era utilizado para se referir a irmãos, enquanto “amicus” era usado para amigos. A palavra “dilectus” (amado) era frequentemente utilizada para expressar afeto e admiração.
No Cristianismo Primitivo, O termo “adelphós” era utilizado pelos primeiros cristãos para se referirem uns aos outros, simbolizando a união e irmandade em Cristo. A palavra “agape”, que significa “amor incondicional”, também era utilizada para expressar o amor fraternal entre os cristãos. Em diversas comunidades religiosas, como mosteiros e conventos, o termo “Amado Irmão” ou “Amada Irmã” é utilizado para se referir aos membros da comunidade, simbolizando a união espiritual e o sentimento de irmandade em fé.
O termo “Amado Irmão” expressa o sentimento de fraternidade, união e irmandade entre os indivíduos. Essa forma de tratamento reconhece a importância da comunidade, do apoio mútuo e da colaboração para o bem-estar individual e coletivo. O uso do termo “Amado Irmão” demonstra respeito pelo outro indivíduo, reconhecendo sua dignidade, valor e importância. Essa forma de tratamento promove uma comunicação mais cordial e harmoniosa.
Também adiciona um toque de afeto e carinho à forma de tratamento, expressando o sentimento de estima e apreço pelo outro indivíduo. Essa demonstração de afeto contribui para a construção de relações mais positivas e significativas.
Na Tradição Maçônica Adonhiramita, o termo “Amado Irmão” é utilizado como forma de tratamento formal e respeitoso entre os membros da irmandade. Constando nos Rituais do sistema em todos os seus Gras. Essa forma de tratamento expressa a união fraternal e o compromisso mútuo entre os maçons, também agregando todas estas qualidades já listadas.
Nome Iniciático
Na história da humanidade, os nomes iniciáticos, desempenharam um papel crucial nas mudanças de castas de diversas culturas e civilizações. Adota-lo marca um ponto crucial de mudança.
Esses nomes, geralmente adotados durante rituais de iniciação ou em momentos específicos da vida de um indivíduo, carregavam consigo um simbolismo profundo e uma conexão com o divino, representando a transcendência para um novo estado de ser. Uma nova condição! Tradição adotado por Sistemas de Metafisica, Sistemas Religiosos e Iniciáticos como a Maçonaria.
As origens dos nomes iniciáticos podem ser traçadas desde as primeiras civilizações, como o Egito Antigo, por exemplo, onde os sacerdotes adotavam nomes associados a deuses ou divindades, representando sua ligação com o poder divino.
Como um meio de conectar-se com o sagrado, com o sobrenatural ou com o mundo espiritual. Acreditava-se que o nome real de uma pessoa possuía poder “mágico” e que mudá-lo durante um ritual de iniciação simbolizava uma “morte” e um “renascimento” espiritual. Apontando para a mudança de condição, a transformação do indivíduo. Sua passagem de um estado profano para um estado sagrado, marcando sua entrada em um novo nível de conhecimento e compreensão.
No decorrer da História as referências disto são inúmeras, no Egito, Amenhotep III mudou seu nome para Nebmaatre Djeserkare quando assumiu como faraó. Os Druidas também adotavam nomes Iniciáticos como Taliesin (Falcão Radiante) ou Ceridwen (A Mãe Branca).
Os Cristão Primitivos adotavam novos nomes após o batismo, simbolizando seu renascimento espiritual e sua entrada na comunidade cristã. Por Exemplo, Saulo para Paulo, Simão para Pedro.
Dentro da Casta Sacerdotal Católica, por exemplo Karol Józef Wojtyła que adotou o nome de João Paulo II. A farta literatura das escrituras sagradas também apontam para este costume no povo hebreu, Hosea para Josué, Jacó para Israel, Abrão para Abraão (Gênesis), e assim temos infinitos exemplos.
A adoção de Nomes Iniciáticos ou Históricos e ainda também conhecidos como simbólicos era costume na Maçonaria, mas com o tempo está pratica foi perdendo espaço. Hoje em dia vemos apenas conservada no rito Adonhiramita. Que quando um Amado Irmão, adere ao rito, seja por entrada na organização ou adoção de loja, acaba aderindo a esta tradição.
A DENOMINAÇÃO ADONHIRAMITA
Quem foi Adoniram?
- a) O Livro dos Reis, cap. IV ver 6 menciona a Adoniram, filho de Abda, como encarregado do tributo e tomando conta das levas de trabalhadores na construção do Templo.
- B) seria a fusão das palavras Adonai (senhor) e Hiram (Excelso), significando por tanto Senhor Hiram.
Aqui entramos em um dos paradoxos da Maçonaria. Pois primeiro, dependendo da tradução o pesquisador encontrará, Hiram, Hirão, Hiran, Hurão, Adoniran, Adonirão, Adoniram, Adonhiram, etc…Sendo que, segundo as sagradas escrituras, existiam muitos “Hirans”… O Hiram, Rei de Tiro, O Hiram arquiteto, o Adoniram (ou suas variáveis) que pagava o “Soldo”, tributos aos trabalhadores no templo.
Não obstante, se observarmos a mensagem da lenda do herói da maçonaria, o que de fato e mesmo a tradução da palavra hebraica, quer dizer: םרָינִדֹאֲ = Adoniram, “Meu Senhor é Exaltado”, e aponta não somente ao líder dos trabalhadores, quanto aquele que tinha um especial conhecimento sagrado para construção . Considerando sempre o mito de morte e ressurreição Osiriana.
Uma lenda construída com 3 partes, Mito de Osíris [ que esconde nas entrelinhas o conceito do renascimento ( um Deus que governava o Egito, foi traído, despedaçado, reintegrado e renascido.) “Palingenesia” é um conceito de renascimento ou recriação, termo grego “palin”, que significa ‘novamente’, e “genesis”, que significa ‘nascimento’. Não obstante, isto não tem nada a ver com qualquer “teoria de reencarnação”. No mito Osiriano o mesmo renasceu em outra condição…
E a base de apoio a esta perspectiva é oriunda das várias escrituras sagradas. Como nas fontes primárias, Tripitaka, Vinaya Pitaka, Sutta Pitaka, etc…, textos sagrados Orientais que contam a história de Sidarta Gautama e como ele chegou à Iluminação. Ele morreu pragmaticamente falando? Não, renasceu em outra condição, neste caso como Iluminado. Este, estágio elevadíssimo de esoterismo. Que se refere a condição de consciência onde o “Ser” tem a capacidade de decodificar a doutrina ( ritos, mitos e signos e símbolos) no seu mais essencial significado, onde verdadeiramente todos os “véus são desnudados”.
Talvez, em uma perspectiva mais próxima a nossa realidade ocidental. Quando Nicodemos, uma autoridade entre os Judeus foi inquirir Jesus de Nazaré. Na passagem de João 3.
No Grego:
Ἀπεκρίθη Ἰησοῦς καὶ εἶπεν αὐτῷ Ἀμὴν ἀμὴν λέγω σοι ἐὰν μή τις γεννηθῇ ἄνωθεν οὐ δύναται ἰδεῖν τ ὴν βασιλείαν τοῦ Θεοῦ.
No Hebraico:
em uma tradução
³ Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
⁴ Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
⁵ Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
⁶ O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
⁷ Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
⁸ O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
⁹ Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
¹⁰ Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
¹¹ Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.
¹² Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? João 3:3-12
Estes tres exemplos, creio, que demonstram bem esta questão da mudança de condição… ( “O renascimento nele mesmo”
Voltando a questão da estrutura da lenda do terceiro grau, vemos, o Mito Osiriano, + um mestre nas artes sagradas + um líder de trabalhadores… Isto causa de grande confusão na maçonaria principalmente no Brasil onde este rito tomou bastante impulso e continua vivo até hoje.
A Constituição da Grande Loja de Londres, reconhecida como a “de Anderson”, reverbera o nome de Adonhiram, designando-o como o líder dos trabalhadores nas Montanhas do Líbano, num contingente de trinta mil, em constante revezamento com os sidônios.
No compêndio de Samuel Pritchard (1730), no tocante ao Grau de Mestre, emerge o nome de Hiram, não Adonhiram.
Indagações plausíveis permeiam a razão por trás da adoção do nome “Adonhiram” em detrimento de Hiram. Registros de rituais franceses do século XVIII, como o “Le Régulateur du Maçon – 1785/1801”, referindo-se a Hiram como aquele a quem Salomão conferiu a autoridade sobre todos os obreiros: trinta mil homens incumbidos de cortar os cedros do Líbano, setenta mil aprendizes, oitenta mil companheiros e três mil e três mestres.
Nesse contexto, a origem da confusão se desenha clara. Se Anderson atribuiu a Adonhiram a supervisão dos trinta mil trabalhadores das Montanhas do Líbano, enquanto os rituais designam esses mesmos trinta mil homens, incumbidos do corte dos cedros do Líbano, a Hiram, surge a associação entre Hiram e Adonhiram como uma única entidade. Entretanto, a Constituição de Anderson segue afirmando que Hiram, o Rei de Tiro, envia seu homônimo, “o Maçom mais completo e talentoso da época”, Hiram ou Huram.
Em 1740/1744, o “Catechisme de Franc Maçons ou Le Secret Des Franc Maçons” (Catecismo dos Franco-Maçons ou O segredo dos Franco-Maçons) viu a luz do dia sob a pena de Louis Travenol, que renovou o pseudônimo de Leonard Gabanon, nomeando “Adonhiram” o arquiteto principal das obras do Templo de Salomão, frequentemente identificado nos dias atuais apenas como Hiram.
Em 1750, a Grande Loja-Mãe Escocesa de Bordeaux, foi fundada e o herói da Lenda Maçônica era Adonhiram
É importante ressaltar que em outros rituais franceses da época, o nome Adonhiram também faz sua intimidade, persistindo até mesmo nos rituais do Rito Moderno de 1788 (Recueil des Trois Premiers Grades de La Maçonnerie – Apprenti, Compagnon, Maitre au Rite Français – 1788). Portanto, não se trata de uma singularidade exclusiva da obra de Louis Travenol, tampouco de uma “irregularidade” do Rito Adonhiramita, mas sim de uma característica difundida na Maçonaria Francesa do século XVIII.
O uso do termo Adonhiram, acabou tornando-se comum em várias grandes lojas, tanto na Inglaterra, Irlanda e França.
E o que podemos constatar de tudo isto? É que posteriormente Albert G. Mackey (USA) com seus famosos e plenamente aceitos por muitas grandes lojas, “LandMarks” de 1858,
“3- A lenda do terceiro grau deve ter a sua integridade respeitada. Qualquer Ritual que a excluísse ou que a alterasse cessaria por isso mesmo de ser um Ritual Maçônico. ”
Em tese deveria ter cessado esta discussão, no entanto… E assim é, para quem conhece e pratica este rito, constata que a integridade não se altera, compactando as três partes fundamentais do Mito da Maçonaria.
Fatos referentes a lenda do 3° | ||
Existe um Arquiteto | Existe um Chefe dos trabalhadores | Renascimento |
Hiram Arquiteto | Adoniram Chefe dos trabalhadores, 2° Bíblia. | Mito Morte Ressurreição |
Maçonaria dita Hiranita | ||
Hiram Arquiteto | Hiram Chefe dos Trabalhadores | Mito Morte Ressurreição |
Maçonaria dita Adonhiramita | ||
Adonhiram Arquiteto | Adonhiram Chefe dos Trabalhadores | Mito Morte Ressurreição |
Levando em consideração os fatos correspondentes a lenda do 3°, reitero que se observa 3 elementos. Um arquiteto, um chefe que paga os obreiros e a lenda de Morte e Ressurreição. Aqui obviamente não se refere a nenhuma volta a vida de forma literal ou alguma doutrina reencarnacionista.
O renascimento aponta para uma das doutrinas das mais tradicionais, em que o adepto através da iniciação, alcança outra condição, a do iniciado.
Ou seja, Palingênese. Renascimento em si mesmo. Aquele que deixou para trás velhos hábitos e costumes, e nasceu para uma nova vida.
O mais fundamental como vimos é entender o KERIGMA, a mensagem por trás daquilo que está escrito.
Ainda, Adonai é um termo de origem hebraica que significa “meu Senhor”. Esse era o nome usado para Deus no Antigo Testamento, em vez do nome divino de Javé (Yahweh), que era considerado sagrado demais para ser pronunciado.
Adonai expressa a soberania e o respeito por Deus
Mas reconheço sem dúvida nenhuma que a falta do conhecimento tradicional por parte da grande maioria dos maçons, que acabam não alcançando um entendimento mais profundo deste tipo de questão, acaba por criar confusões como esta, infelizmente!
O PÉ DIREITO À FRENTE
Simbolicamente o lado direito é ativo, positivo, criativo, masculino e representa o poder de realização, enquanto o lado esquerdo é passivo, negativo, receptivo, feminino e representa a capacidade de modelação. Romper a marcha com o pé direito, representa que o nosso poder criativo, masculino, positivo, se sobrepõem aos nossos aspectos negativos que devem ser submetidos à nossa vontade e superados com a prática das virtudes. Em simbologia, o lado direito sempre esteve ligado ao poder da Luz, e o lado esquerdo ao poder das Trevas. Todavia, nada tem a ver com superstições, mas sim, posturas que guardam um sentido simbólico.
AS COLUNAS INVERTIDAS ADONHIRAMITAS
Os estudiosos do Rito afirmam que a posição das Colunas. J e B, e dos próprios Vigilantes, se deu quando das primeiras “revelações dos segredos da maçonaria”, ou seja, em 1730, quando foi publicado na Inglaterra, o livro Maçonaria Dissecada, de autoria de Samuel Pritchard. Esta obra em questão foi o fruto da traição perpetrada pelo autor que a 13 de outubro de 1730, prestou depoimento juramentado perante um magistrado, no qual relatava detalhes de sua iniciação na Maçonaria, inclusive ao Grau de Mestre. O livro continha todos os sinais, toques e palavras utilizados à época, bem como citava HIRAM, as marchas e todo o acervo sigiloso. Esta traição obrigou a Ordem a processar algumas mudanças necessárias a confundir os curiosos profanos “bem informados”, que se utilizando de tais informações demandavam a invadir as Lojas como se fossem verdadeiramente iniciados. Alguns autores vêem nestas mudanças a origens das diferenças existentes entre o Rito Adonhiramita em relação aos demais Ritos no que se referem à posição das colunas, os respectivos vigilantes e todos os detalhes oriundos de suas posições. O Rito Adonhiramita permaneceu fiel motivo pelo qual, em comparação com alguns ritos, se constata que as Colunas e algumas funções estão invertidas. Todavia, mesmo havendo, comparativamente, a inversão das Colunas, os Amados Irmãos Aprendizes continuam na Coluna da Beleza, ou seja, na Coluna do 2° Vigilante.
A PALAVRA DE ACLAMAÇÃO
A palavra de Aclamação Vivat (pronuncia-se Vivá) é a antiga saudação utilizada ainda no início do Século XVIII. No Rito Francês ou Moderno, após a Revolução Liberal de 1789, ela foi substituída pela aclamação Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Vivat tem o mesmo significado da saudação escocesa que se pronuncia Huzzé, Huzzé, Huzzé, cuja tradução do hebraico é Vivá, Vivá, Vivá, que em latim corresponde ao Vivat, Vivat, Vivat.Vivat deriva do verbo Latino ‘Vivere’ significando “VIDA” e expressa o profundo querer por tudo o que existe. Os três Vivat, correspondem a estes três pedidos: “Que Ele viva. Que todas as pessoas vivam, que toda a criação viva”. Podemos lembrar-nos de outras peculiaridades do Rito Adonhiramita, como o estalar dos dedos na aclamação, a subida um a um dos degraus na circunavegação, a ausência das CCol.ʹ. Zodiacais, a entrada em Procissão, a forma de executar a bateria do grau, além da cena da traição e da câmara ardente na Sessão Magna de Iniciação. AAm.ʹ. llr.ʹ. em todos os seus graus e qualidades, estas são algumas das principais peculiaridades da ritualística e da liturgia do Rito Adonhiramita que o identificam e o diferenciam dos demais Ritos. Mas deixamos bem claro, que estas peculiaridades não o tornam nem melhor e nem pior que os demais ritos, apenas diferente, mas, com o mesmo objetivo de todos os Maçons e da Maçonaria Universal, a busca do aperfeiçoamento de todos os seres humanos.
DOZE BADALADAS ARGENTINAS
Desde as épocas mais remotas, nas linhas tradicionais, as badaladas dos sinos chamam o ser humano a ação. Seja está para congregar e participar de um cerimonial religioso ou mesmo para chamar a atenção para a existência de algo mais profundo, espiritual. O sino chama nossa porção mais sutil, o espirito, o conclamando a despertar, para uma vida além da materialidade. O “Argentum”, prata. Metal nobre que representa a Lua, a doutrina. E em número de doze, representando a ordem, o ciclo completo, o ciclo iniciático. Síntese do sistema circular regendo o tempo e espaço, simbolizando a ordem e o bem. Nas antigas civilizações o 12 correspondia a plenitude, a realização e a integralidade. representando a união do Céu e da Terra, realizam a harmonia perfeita com o céu.
Além dos signos do zodíaco, contamos 12 grandes deuses da mitologia antiga, 12 discípulos de Cristo, 12 cavaleiros do Santo Graal, 12 meses do ano, 12 tribos e 12 patriarcas, 12 horas do dia. A árvore da vida cristã tinha 12 frutos, a música tem 12 tons…
Antigamente, na Maçonaria, o sino era de uso comum nas Cerimônias das Lojas Simbólicas, a fim de anunciar a hora dos trabalhos. O Rito Adonhiramita, procurou coexistir com o seu uso, não perdendo a tradição dos antigos, assim como a tradição religiosa e os costumes iniciático dos mistérios.
O USO DO CHAPÉU PARA O MESTRE MAÇOM
O chapéu é um acessório muito antigo e versátil, que ao longo da história teve diversas funções e significados. Segundo alguns pesquisadores, o primeiro chapéu surgiu por volta do ano 4.000 a.C. no Egito, na Babilônia e na Grécia, como uma forma de proteger o cabelo e a cabeça do sol, do frio e da chuva.
Além da proteção, o chapéu também servia para indicar a identidade, a hierarquia, a profissão, a condição social ou a origem de uma pessoa. Por exemplo, os reis usavam coroas, os sacerdotes usavam mitras, os guerreiros usavam elmos e os escravos libertos usavam barretes. O chapéu também era usado como um símbolo de poder e de respeito. O chapéu é um acessório que pode ter vários significados em um contexto sacro, dependendo da tradição, da época e da situação. Em geral, o chapéu pode simbolizar a autoridade, a identidade, a reverência ou a proteção de quem o usa.
Na tradição cristã, por exemplo, o chapéu pode indicar o grau hierárquico de um clérigo, como o papa, o cardeal, o bispo ou o abade. Cada um deles usa um tipo diferente de chapéu, como a tiara, o galero, a mitra ou o barrete. O chapéu também pode expressar o respeito ou o temor a Deus, como o solidéu, que os bispos usam durante a missa, mas retiram em alguns momentos específicos, como na oração eucarística. As mulheres cristãs também podem usar o chapéu, o véu ou o lenço para cobrir a cabeça durante as orações, seguindo uma orientação de São Paulo.
Na tradição judaica, o chapéu também tem um valor religioso, como a quipá, que os homens judeus usam obrigatoriamente durante as orações e cerimônias religiosas, em sinal de temor a Deus. Outros tipos de chapéus, como o shtreimel ou o borsalino, podem indicar a origem ou a filiação a uma comunidade judaica específica.
Na tradição budista, o chapéu pode representar a proteção, a sabedoria ou a iluminação de quem o usa. Existem vários modelos de chapéus, como o chapéu de pandita, o chapéu de lótus, o chapéu de vajra ou o chapéu de Drukpa, que podem ser usados por diferentes escolas ou linhagens do budismo. O chapéu também pode simbolizar a conexão com um mestre espiritual ou com uma divindade.
Esses são alguns exemplos de como o chapéu pode ser usado, comumente ou em sentido sagrado segundo a Tradição. E como podemos ver, dependendo da crença, da cultura e da ocasião de cada pessoa.
No Rito Adonhiramita, o mestre maçom, utiliza o chapéu em todos os graus, representando assim não somente um costume conservado do Séc. XIII, mas também todos os conceitos sagrados que este “acessório” traz consigo.
O USO DAS LUVAS BRANCAS
O Branco é a síntese de todas as cores, o branco é luz e os antigos os fizeram a cor da divindade. O Iniciado pleno, que condensa em si, os valores, as virtudes a pureza e a castidade. Como o avental que utilizamos ainda hoje, as luvas relembram nossa fonte de inspiração dos antigos construtores. Uma herança deixada para a maçonaria contemporânea por aqueles que desempenham um físico e pesado trabalho.
A GRAVATA BRANCA
No Brasil, nos sistemas maçônicos acabaram se associando a cor da gravata a determinado rito. O Adonhiramita adota o Branco. Como vimos anteriormente esta cor evoca as virtudes e valores, pureza. Com sua origem na aristocracia francesa.
Na prática, a gravata é uma peça da indumentária e de criação recente, inspirada nos cordéis utilizados para o fechamento das camisas antes da invenção dos botões, que terminava em um laço à altura do pescoço. Logo, a gravata é um complemento da camisa, e assim, parte integrante da mesma. Sendo a camisa branca, consideramos que a gravata também deve ser branca para se manter em harmonia interior.
MESTRES USAM ESPADA EM TODOS OS GRAUS DO SIMBOLISMO
A ESPADA, objeto sagrado e ritual antes de ser empregado materialmente como arma de combate, a espada evoca a bravura, o poder, ligados à guerra. Simboliza o combate interior: a espada flamejante de Boddhisatva proporcionava o conhecimento e a liberação dos desejos; a de Vishnu simbolizava o puro conhecimento e a destruição da ignorância.
A tradição cristã e a cavalaria a associam à ideia de luminosidade: a espada é a ferramenta luminosa da obra cavaleiresca… o eixo de luz que transpassa as oposições e os contrários para fazer renascer a unidade, como o punhal, ela pode ou fulminar o ser indigno, ou transmitir o espírito criador, conferindo armas espirituais àquele que partia em busca do Graal.
Dotada de uma força particular que une o espírito à matéria, torna-se um símbolo de perfeição e do dever: a espada do rei da França consagrava o cavaleiro, simbolizando o eixo vertical que liga o céu à terra e indicava ao soberano a necessidade de uma retidão interior que lhe permitisse aplicar a ordem eterna das coisas.
A do cavaleiro, tem um duplo papel, porque ele enfrenta infiéis, por um lado e ladrões e assassinos, por outro. Sua ponta significa obediência.
O uso da espada é símbolo de autoridade de uma casta distinta e considerada nobre em todas as sociedades antigas, os guerreiros.
Em séculos anteriores o seu uso era permitido à membros da aristocracia, pessoas que possuíam o direito do uso da espada, símbolo naquela época, de condição social elevada. O Rito Adonhiramita permaneceu fiel à tradição dos Mestres usarem a espada nas reuniões, não somente como uso litúrgico, mas pessoal. Mantendo assim o costume antigo e conservando a profunda simbologia que a espada possui.
Ao longo desta preleção, observamos as nuances e a riqueza do Rito Adonhiramita, um dos sistemas maçônicos mais antigos belos e respeitados do mundo. Através de uma análise de sua história, filosofia, rituais e simbolismo, constatamos a Maçonaria Adonhiramita não se limita a um conjunto de regras e costumes, mas sim um sistema completo com uma profunda doutrina alicerçada nos contextos fundamentais no suprassumo do conhecimento tradicional da humanidade, propiciando assim ao Amado Irmão que dele faz parte, a transformação pessoal e desenvolvimento integral dos ideais maçônicos.
Ao longo dos séculos, a Maçonaria Adonhiramita enfrentou diversos desafios e obstáculos, mas sempre se manteve fiel aos seus princípios fundamentais. A capacidade de adaptação e resiliência do rito permitiu que se mante vivo até os dias atuais.
Hoje, a Maçonaria Adonhiramita continua a ser um sistema vibrante, relevante e em plena expansão. Que oferece aos seus membros ferramentas valiosas para a sua construção e da sociedade. Tornando-a mais justa, fraterna e tolerante. A busca incessante pela reintegração do ser humano a sua essência, a valorização da liberdade individual e a defesa dos princípios e tradições maçônicas são alguns dos pilares que sustentam o rito Adonhiramita até os dias de hoje.
André Otávio Assis Muniz, Artigo – O Rito Adonhiramita: História e idiossincrasias
Louis Guillemain Saint-Victor, Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite, 1782/1785.
Luiz Muller,Ensaios Essenciais da Maçonaria Adonhiramita – CWB- UICLAP – 2014.
Luiz Muller,Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita – CWB- UICLAP – 2018.
Luiz Muller,A Tradição Maçônica – CWB- UICLAP Editora – 2022.
Luiz Muller,A Arte da Maçonaria – CWB- UICLAP Editora – 2023.
Luiz Muller, diversos artigos sobre a Maçonaria Adonhiramita.
LEADBEATER, C. W. A Vida Oculta na Maçonaria. 19.ed.; São Paulo: Editora Pensamento, 2013.
MOLLIER, Pierre. Le Régulateur du Maçon: 1785/ “1801”. Paris: A L’Orient, 2004.